sábado, 26 de março de 2011

Ex-sistere

"Para crear , me he destruido; tanto me he exteriorizado dentro de mí, que dentro de mí no existo sino exteriormente". 
(Fernando Pessoa)


Essa semana eu aprendi que o verbo "existir" vem do latim (ex-sistere) e significa "fora de si". E estar fora de si não implica loucura ou desvario... e sim percepção do que me é externo, do que me é alheio. Logo, existo a partir da sensação que tenho, do que me faz sentir, do que me faz pensar.

Vale-se propor um questionamento: "Penso, logo existo" (do famoso Descartes) ou Existo, logo penso?

Acredito que não poderia pensar antes de estar fora de mim, pois não teria conhecimento suficiente para refletir. A partir do momento em que me esvazio de mim e olho ao redor é que posso, então, analisar, sentir, pensar. A maioria dos grandes pensadores estavam fora de si, e nem por isso eram loucos. Por que, então, D. Quijote (de Cervantes) era considerado um desajustado? Apenas porque se havia inspirado em personagens e se havia comovido por um problema comum: a injustiça social?

Ao contrário do que se pensa, o "nobre cavaleiro" sabe quem é (é só ler a p.58)... 

E ser, além de significar um estado fora de si - uma vida externa - implica uma vida interna, da qual se tem a essência.

Quando não nos deixamos influenciar tanto pelo ego, é possível se sensibilizar mais com o mundo e crer em coisas que não vemos. É um estar fora de si que parece loucura, mas é nada mais que ter . Acreditar no que não se vê, no que não se toca. Contudo, não podemos deixar de nos mirar e nos mover, num jogo alternado entre ser e estar... o existir! É saber... é sentir... é ter plena razão do que não é racional. É ser cavaleiro andante, com um objetivo de se chegar... onde?!

Não sei!

 

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