quarta-feira, 14 de julho de 2010

O estranho.

É curioso como não sei dizer quem é. 
Dele (re)conheço algumas características... fragmentos de ser que me encantam. Dele desconheço sua vida, sua história, mas sei dizê-lo, inteiramente, de memória.

Cada parte de seu ser me é estranha, partes desconhecidas. 
Cada parte sua me habita e se faz familiar.
Complexamente, conheço meu desconhecido.
Estranho pode parecer, mas não é, de todo, ilógico.

Seu perfurme exala à novidade, detalhe que me fascina.
Cheiro por demais invasor, já faz parte da minha rotina.
Suas palavras são música aos meus ouvidos em perfeita dicção.
Seus passos regem exatamente o compasso do meu coração.

Tão perto e distante, sinto-me alheia ao mundo.
De você sei quase nada - já canta o bom poeta.
A mim isso não importa... pois sei mais do que poderia imaginar.
Ainda que não saiba, sei. Confabulo. Imagino.
Saber e não saber. Ter e não ter.

O estranho que é tão amigo. 
O amigo que se fez estrangeiro.
De longe, o reconheço.
À frente, o ignoro.

Cegueira? Leseira? Bobeira?
Inteira.
Saudade? Vaidade? Enfermidade?
Verdade.

Verdade incontestável que eu amo um estranho e bem o conheço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário