quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Dia de Professora Helena



Tenho que relatar a sensação de me despedir de uma turminha típica de Carrossel.

Pois bem... contarei desde o princípio:

No dia 27 de abril de 2010 comecei meu trabalho no CJP, dando aulas de espanhol para o 6º, 8º e 9º ano. A princípio foi algo complicado... pois nunca havia dado aula de espanhol em escola... estava acostumada à metodologia de cursos de idiomas. A complicação foi ainda maior por se tratar de uma substituição: eu era a professora substituta deles - a oficial havia entrado de licença maternidade.

Enfim... o 8º ano foi o mais arisco desde sempre. Eram poucos os que falavam comigo e que prestavam atenção à aula. Sentiam-se como adultos, mas comportavam-se como "niños". Sempre levei na boa e nunca me exaltei... não sou do tipo que distribui advertências ou expulsa de sala... nem que tira ponto. Acredito que o pior desse comportamento afeta a eles mesmos... apenas os aviso disso.

O 9º ano tinha seus momentos de bons alunos... mas também relaxavam de vez em quando. Mas isso nunca me afetou também. Sempre tive um bom papo com eles. Gosto deles... sim, de verdade. Cada um com seu jeito extravagante ou discretíssimo de ser.

O 6º ano - a turma Carrossel... todos ABSURDAMENTE levados.

Sim, eu tive um "Paulo Guerra" e uma "Marcelina" (mas na minha turma eles não eram irmãos). Tive a "Laura" (apesar de ela não ser gordinha). O "Davi" e o "Daniel" também faziam parte do meu grupo de alunos. O "Cirilo" - mais comédia... com certeza o "Jaime Palilo" estava lá (mas nem era gordo). O "Mário Ayala", a "Maria Joaquina", a "Carmen" e por aí vai - rsrsrs. Contudo, como toda boa "Professora Helena" eu tive que ter a minha aluna "Valéria". Seguramente, a que me marcou bastante.



Pois bem, no meu último dia lá (31/08/2010), eu os deixei mais livres, porém estava livres demais (a sala virou um pandemônio). Então resolvi pedir que escrevessem cartinhas pra mim, para que eu pudesse ter para sempre uma lembrança deles. Confesso que, em primeira instância, isso foi um recurso para fazê-los calar a boca. Mas isso me saiu mais prazeroso do que eu podia imaginar.
Todos escrevendo e de repente ouço um...:

- Tia (sim eles me chamam de "tia"), a Ana Flávia tá chorando!

Gente, a menina escrevia entre lágrimas soluçadas. Realmente, eu fiquei impressionada. Ao mesmo tempo consternada e feliz. Achei uma demonstração de carinho impressionante. Pois ela, no meu primeiro dia, foi a mais resistente a falar comigo... agia como se a outra professora fosse a melhor. Mas, com o passar do tempo, ela foi se aproximando de mim e parece que realmente começou a gostar de mim.

Ela não tem as melhores notas, nem é a aluna mais comportada. Sempre "briguei" com ela, exigindo melhor comportamento... e, ainda assim, ela viu em mim uma professora especial (conforme ela mesma escreveu na cartinha). Ah, faltou dizer que ela era LOUCA pelo meu perfume - acredito que isso foi um fator que a aproximou mais de mim... rsrsrsrs' (ela vivia querendo sentir meu cheiro - chegava a ser esquisito! hauahauhauahauahaua...).

Quando saí da sala (pelo menos tentei), ela não queria que  eu fosse... e voltou a chorar de uma maneira mais desesperada (e desesperadora). E falou que nunca ia me esquecer e que eu seria para sempre a sua professora de espanhol favorita. Achei isso muito lindo. Claro que ela terá outros professores... que também terão grande significado. Um dia ela até poderá me esquecer... ou apenas não lembrar mais de mim... mas tenho certeza de que, naquele momento, o choro e as palavras de carinho eram reais. 

Sinto-me plena! Sentimento de missão cumprida. Nunca tive uma TURMA assim... nunca precisei me despedir da MINHA turma. Mas sei que NUNCA esquecerei ESSA turma.

"Los quiero muchísimo"



2 comentários:

  1. Cara... Que show! Eu nem lembrava que você teria que deixar essa turma...

    Você realmente é marcante. Seja como professora, aluna, amiga... Você tem esse poder de conquistar as pessoas.

    Eles realmente gostaram de você.

    E quem não quer sentir teu perfume? =P

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  2. Quanta coisa boa esse texto me trouxe a memória. Tu escreve muito bem Thalita! Parabéns, me fisgou legal na leitura.

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