quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Da janela

Eu vejo o mar
Os navios a naufragar
As pessoas a sorrir
Muita gente a disfarçar.

Do pranto fez-se o encanto
divinizado daquela moça 
que não sabia
direito o que era amor.

A olhar, a multidão se agita
Um coração palpita
O tempo congela
A solidão que grita.

O riso verteu-se nas faces
ruborizadas da pequena mulher
que havia se transformado em
objeto da paixão.

Da janela, contemplo o tempo
Que passa com desdém e me chama
de ociosa à espera
do "não se sabe o quê".

Admirada com sua ousadia
Trato-o com porfia
Simulo indiferença
Mas mata-me a agonia.

Se saltasse da janela, já
nela não estaria
e no mundo estaria com minha
vã filosofia.

O vagar observado
Segue por mim espantado
De um tempo que não passa
E só mantém o aprisionado.

Da janela só vejo 
um mundo submisso 
às grades incoerentes
de minha insandecida prisão.

Lanço-me da janela
O que tenho é uma bolsa amarela
Que carrega meus medos
E se atormenta por uma e outra mazela.

Da janela me cansei
A cuidar do que é meu me lancei
Sem dúvida o tempo volta a marcar
Tudo aquilo que sempre carreguei.

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